domingo, 20 de junho de 2010

Comércio de livros usados em Teresina é precário

Você chega a um sebo, encontra um livro que é de seu interesse e pergunta ao atendente que, ao mesmo tempo, é o dono do estabelecimento, quanto custa. “Cinco reais”, responde ele. Você tira uma cédula de cinquenta reais. E ele responde que não tem troco. “Você poderia trocar na loja em frente?”, sugere. Então, você se encaminha para o local indicado, mas não consegue trocar o dinheiro. Retorna ao sebo e o atendente está ao telefone. Você tenta explicar que voltará em outra ocasião para comprar o livro. No entanto, ele apenas acena.

A situação descrita poderia ser fictícia, mas realmente aconteceu com uma das repórteres, na ocasião de coleta de informações para a redação desta matéria. O Infocientizando visitou quatro sebos para entender melhor como funciona o mercado de livros usados em Teresina e constatou que existem algumas associações de livreiros. Uma delas é o Shopping dos Livros Usados, uma reunião de 17 livreiros que decidiram alugar um espaço físico onde pudessem vender livros durante o ano inteiro. De acordo com Sonia Maria Macedo, dona de um estande no Shopping e livreira há 14 anos, o aluguel do espaço é de sete mil reais. Este valor é pago anualmente pelos livreiros associados.

A outra é a Associação de Vendedores de Livros Usados, constituída pelos livreiros que, através de concessão da prefeitura de Teresina, utilizam o espaço da Praça Demóstenes Avelino (mais conhecida como Praça do Fripisa) durante os primeiros meses do ano – de janeiro até maio, no máximo. Segundo o Ribamar Araújo, presidente da associação, ela “funciona como um sistema de vendas, compras e trocas de livros. A troca funciona quando o cliente leva um livro, havendo uma negociação por ambas as partes, incluindo aí a compra de livros do cliente”.

Os livreiros das duas associações trabalham, principalmente, com a venda de livros dos ensinos Fundamental e Médio, mas também adquirem obras do Ensino Superior. Maria do Socorro Macedo, dona de um sebo na rua Barroso, justifica: “não tem um grande acervo de livros do ensino superior porque as pessoas não se desfazem deles”. As áreas de Saúde e Direito, segundo todos os livreiros entrevistados, é a mais procurada, seja para venda, compra ou troca.

Ainda segundo Maria do Socorro, os sebos não vendem edições antigas de livros. “As escolas estão sempre atualizando as edições dos livros que adotam”, explica ela, que trabalha principalmente com livros de Literatura e do Ensino Fundamental e Médio.

Já Ribamar Araújo afirma que também faz negociações de livros com outras cidades e estados. Contudo, nem ele e nem nenhum dos livreiros entrevistados demonstrou interesse por negociação de livros via internet, em sites como o Estante Virtual, por exemplo. Fazendo uma rápida busca neste site, pode-se constatar que não há nenhum sebo piauiense cadastrado, embora haja leitores de Teresina que vendam livros.

O Estante Virtual é um site que media a compra e venda de livros usados entre sebos, assim como pessoas, de todo o país. Nenhum dos livreiros entrevistados lembraram da existência do site, quando mencionado pela nossa equipe de reportagem. Somente depois de explicado em que consistia a página virtual, todos afirmaram já terem ouvido falar, mas nenhum disse já ter cogitado da possibilidade de se cadastrar.     

   
Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho

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